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Opinião: no Acre, esporte quer dizer futebol, e nada mais!

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Não é de hoje que escutamos críticas ao esporte do Acre. Não tem dinheiro para quase nada! Faltam recursos para passagens aéreas, aluguel de ônibus, realização dos Jogos Escolares, Lei de Incentivo ao Esporte e Convênios para apoiar o trabalho das Federações esportivas. Mas, para o futebol, claro, nunca falta dinheiro.


No Acre é assim: esporte quer dizer futebol e futebol é sinônimo de decepção. Como numa conta de matemática, a soma das palavras resulta em investimento sem retorno. O esporte do Acre está tão desvalorizado que ninguém quer apoiar. Aí, meus amigos, sobra ao Estado injetar dinheiro para tentar alavancar o que já está falido há muito tempo. Só não vê quem não quer! E, preste atenção, esporte no Acre quer dizer futebol.

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Neste sábado, dia 4 de julho, o ministro dos Esportes, George Hilton, chega ao Acre para oficializar a construção do Centro Olímpico da Baixada do Sol – vou deixar a ironia de lado. Além disso, o ministro deve anunciar a implantação de novos espaços esportivos na capital acreana. Por que, então, não utilizamos os que já temos?


Mas, me digam: do que adianta construir espaços esportivos se o verdadeiro incentivo ao esporte não existe? É como construir escolas num lugar onde não existirão alunos; é enxugar gelo debaixo de um forte sol.


Não bastasse isso, pode haver aí outro problema, também comentado entre os dirigentes esportivos: o Centro Olímpico será construído ao lado do Ginásio Coberto, na região da Sobral, uma área alagadiça e condenada pelos próprios moradores.


Agora, tenho outro questionamento: o que esse ministro vai ver de bom aqui no Acre? Alguém sabe dizer? Eu não sei! De fato, quando um ministro vai a um estado, ele, além de fazer anúncios, busca exemplos de ações que deram certo. Aqui no Acre o único esporte valorizado é o futebol e, ainda assim, é um “fiasco” só. É só observar as arquibancadas dos estádios, durante os campeonatos.


Aqui, temos um espaço chamado “Cidade do Esporte”, mas lá as quadras estão abandonadas e com as telas de proteção enferrujadas. O piso está sujo e quebrado. Não há nenhum cuidado. O poder público criou um espaço esportivo, mas não compactuou nada com os dirigentes e, por fim, tudo está se destruindo. Era bom o ministro dar uma “voltinha” nos arredores do Estádio Arena da Floresta.


No Acre, o incentivo é tão escasso que tem gente deixando de ser atleta por falta de apoio. Precisamos dividir as obrigações. Temos de definir o que é responsabilidade do atleta, das administradoras, e do Estado – e não podemos esquecer da iniciativa privada, que não é obrigada a nada, contudo, possui fundamental papel no contexto.


O que se vê é um estado sem estrutura para o esporte. Todo dia tem gente deixando de ser atleta, para achar algo que “dê mais retorno”, e não estou falando de dinheiro. Estou falando de realização de sonhos. Esporte no Acre, meus amigos, é frustração.


Ah, desculpe! Eu esqueci que temos bons atletas no Acre, e isso bem é verdade, mas são poucos os que recebem o devido reconhecimento, aliás, quando esses poucos ganham alguma premiação, por mérito próprio, obviamente, alguém se aproveita e diz logo que estava ajudando. Paremos de tanta “malandragem” e vamos valorizar o esporte de verdade.


Na semana passada, um atleta me disse que vai abandonar o esporte. Segundo ele, porque não vê nenhum incentivo. A frustração é tanta que ele disse que vai falar com o ministro. E dou todo o apoio para isso! Se todos fossem até o ministro para reclamar e contar como funciona o esporte no Acre, certamente, os critério para liberação de recursos seriam mais rígidos e não veríamos tanto dinheiro público descendo pelo ralo.


*João Renato Jácome é acadêmico de Jornalismo, membro do Programa Internacional de Voluntariado das Nações Unidas e participa de redes pela Democracia, Esporte, Meio Ambiente e Direitos Humanos.

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