A notícia do momento é o desenvolvimento do episódio conhecido como Operação G7. Diante das informações e desinformações, alegria para uns e tristezas para outros, o balaio estava tão guisado que o juiz da causa teve que se manifestar, a fim de esclarecer tecnicamente o que está acontecendo.
Foi nessa falsa fleuma, nessa contraposição de gostos ideológicos, que fiquei imaginando coisas em minhas reflexões. Acertadamente houve um prejuízo muito grande decorrentes dos pré-julgamentos que foram feitos às pessoas envolvidas no caso. Precisamos aprender que é a justiça quem confere a sentença, quem diz quem é culpado e quem não é. Julgamentos apressados e tendenciosamente informais não servem e repercutem muito danosamente.
Mas a política é mesmo uma peça engraçada! Debaixo dos ternos e das gravatas, há toda uma disputa suicida, uma guerrilha em que revólveres e flores se alteram, dependendo da situação e do olhar de quem se queda, voluntariamente, pairando no ar.
Uma das maiores virtudes do ser humano é saber reconhecer os erros. Saber pedir desculpa pelos excessos e flexionar para o refazimento das coisas que nos tornam seres sociais verdadeiros e mais fortes. Acertou quem disse que saber solicitar o perdão é uma janela que deve sempre estar aberta para o salutar convívio entre pessoas.
Por isso, quero aqui, de coração, na ampla liberdade de um espirito limpo e contumaz pedir tudo o que for de desculpa, perdão, misericórdia, sei lá, qualquer coisa, a REGINA DUARTE.
Depois do massacre que sofreu, do desgaste e da ojeriza a sua imagem pelo que disse, tornando-se para muitos esquerdistas a rosa dos ventos das elites, hoje olhando o cenário do país, confessadamente haverei de dizer que ela tinha razão.
Fazia sentido ter todos os receios do mundo, pois o panorama singular, o mar de lama em que se encontra a nação, as manifestações de milhões de brasileiros, saturados com o cinismo do não sei de nada e do nada sei, as tentativas de reduzir os protestos às insatisfações rocambolescas de uma classe média e branca, demonstram que era mesmo pra ter medo.
Um país diplomaticamente medíocre, uma economia estuprada pela adoção de medidas irresponsáveis de gente pouco qualificada, um crescimento a se jogar para baixo do tapete e sucessivos eventos de pouca diferença entre crime e coisa pública, mostram que deveríamos erguer um totem para Regina Duarte.
Regina Duarte, eu queria aproveitar esse digno espaço para ser mais um a lhe pedir desculpa pelo que pensei. Contaminado pelas tantas e sucessivas baboseiras que aprendia na UFAC, eu a imaginava como o espantalho dos ricos. Alguém que não entendia como seria bom ser uma Venezuela ou Cuba. Alguém que não sabia o que era ter sido sôfrego e mártir de uma história cheia de bravatas, maconha e pensamentos cretinamente revolucionários.
Regina Duarte, você tinha razão! O seu medo do passado tenho eu agora com uma presidente que não sabe ler a crise que se instalou no país, não tem e não quer ter diálogo com os outros setores do poder, prefere responder as coisas via mensagem publicitária e na agonia da tensão procura o Lula para lhe guiar o caminho.
Regina Duarte, eu também tenho medo. Vivemos nas mãos de uma líder política que, como disse acertadamente Marina Silva, nunca se elegeu nem para vereadora. Após ter enfrentado as “procelas” do militarismo, teve a vida inteira inserida num ambiente técnico e burocrático, cuja melhor caracterização se notou no fato de ter sido presidente do conselho da Petrobras por quase uma década e não ter tido a capacidade de ver o que acontecia lá, assinando inclusive a compra de uma refinaria nos EUA que acarretou um prejuízo enorme para o Brasil.
Vendo o desenrolar dos acontecimentos da Operação G7, temos de estar prontos e ávidos para reconhecer os erros. Ninguém merece ser massacrado e levado à forca moral. Perdoe-me Regina Duarte! Todos os fantasmas saíram do porão.
