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A CURA DO CÂNCER PELO AMOR

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especial_01Viver com o diagnóstico de um câncer não é fácil. Há quem diga que isso já está pré-determinado à vida de que passa por esse grande desafio. Dores, quimioterapia, radioterapia, braquiterapia. Estes são alguns de tantos outros tratamentos feitos por quem adquiriu a doença e luta, ou já lutou, no dia a dia, para ter uma nova chance de uma vida saudável e feliz.


A reportagem de ac24horas.com andou por vários pontos de Rio Branco para conhecer os “abençoados” que conseguiram vencer esta árdua batalha e descobriu que a maior e mais importante alternativa, nesta luta, é o amor.


Você acredita que o amor pode ajudar no processo de cura do câncer?

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Você acredita nisso?


Sim ou não?


Independentemente da resposta, convidamos você a conhecer a história de uma criança que teve linfoma e de uma senhora que, depois dos 60 anos, precisou fazer tratamento contra um câncer no colo do útero. Depois de ler essa reportagem, você pode mudar de ideia.


Vamos lá?


A reportagem conheceu a história da adolescente Adryny Trindade, de 13 anos. Ela vive numa aconchegante e humilde casa, no conjunto habitacional Rosa Linda, às margens da BR-364, no 2º Distrito de Rio Branco (AC). Quem conversa com a menina, nem imagina a situação que ela já precisou enfrentar para hoje estar ao lado da família, e com um sorriso no rosto. Na chegada da equipe de reportagem, ela sorriu e mesmo desconfiada contou um pouco da sua história de vida.


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“Eu tinha apenas nove anos. Já faz um tempo. Sim, faz um tempo. Eu comecei a sentir umas dores na barriga e muita ânsia de vomito. Era horrível. A minha mãe sempre me dava um remédio para enjoo, mas nem sempre resolvia. Um dia eu estava muito mal, e sentia muitas dores, sabe? Liguei para a minha mãe e ela me levou no médico, lá no Pronto Socorro. Foi lá que eles perceberam que tinha alguma coisa errada comigo”, conta a menina, bastante emocionada.


ca_01Adryny é bastante cautelosa, e não gosta muito de contar como foi a experiência com o Câncer. “Eu não gosto nem de lembrar desse momento, mas quero que as pessoas saibam que o amor que eu tinha pela minha mãe e eu que sentia dela, foi o que me fez suportar tudo aquilo. Mas teve também a minha médica – uma mãe- e a minha fé”, comenta à reportagem ao dizer “Deus teve um plano, um propósito em permitir o que aconteceu”. Adryny, que ainda estuda o ensino fundamental, diz que hoje se sente bem. Ela faz questão de contar como ficou a vida dela durante a doença, e falou sobre o que mais a deixava frustrada na época em que fazia tratamento.


“Sabe o que mais me deixava triste quando eu estava doente? Ver meus amigos, e não puder brincar com eles. Ver minha mãe chorando. Mas era isso que me dava forças para continuar lutando, mesmo que eu ainda fosse uma criança, de apenas nove anos, eu tinha essa vontade de ficar boa logo e puder correr, ter uma vida normal. Quando eu corrida, quando eu estava doente, eu sentia muitas dores, eu vomitava e isso me deixava muito mal, então eu não podia correr, não, só olhar mesmo de longe” lembra a adolescente.


Adryny fez tratamento no Hospital do Câncer de Rio Branco, contou a mãe, com brilho nos olhos ao lembrar os momentos difíceis e a alegria de nos dias de hoje, puder ver a filha correndo como uma criança saudável, e cheia de amor para dar. Maracy Miõs, de 44 anos, acompanhou durante nove meses o tratamento da filha e falou um pouco sobre a agonia, desespero e fé, como ela mesma fez questão de frisar durante a entrevista.|


“Ah! Foram momentos difíceis. Muito difíceis. Era muito triste ver minha filha numa cama de hospital doente e eu não poder fazer nada. Aquilo me deixava para baixo. Mas, ao mesmo tempo, eu ficava com mais força para lutar ao lado da minha filha. Era a Adryny que me dava força. Mesmo doente ela me olhava, segurava minha mão e me dizia: ‘mãe, não chora! A senhora não precisa se preocupar, eu estou bem, os médicos estão cuidando de mim. Não se preocupa’. Ela sempre me dizia isso, e eu ficava impressionada com a atitude dela, sabe? Era lindo, emocionante (sic)”, relata a mãe.


Segundo Maracy, até se descobrir o que a menina realmente tinha, passaram-se pelos menos dois meses. “Até eu descobrir o que a Adryny tinha demorou uns dois meses, mais ou menos. Eu fui em vários hospitais, eu nem desconfiava que fosse câncer, não”, comenta. Ainda segundo Maracy, ao chegar no Pronto Socorro, pela primeira vez, um dos médicos teria dito que o problema era “verme” e que “bastava uma Dipirona para ela parar de sentir as dores na barriga”.


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“Não foi fácil. Essa situação foi uma peleja que parecia não ter fim. Mas numa outra vez, quando eu fui no Pronto Socorro, não tinha nenhum pediatra e de repente apareceu uma por lá e me atendeu muito rápido. Eu corri e fui até ela. Ela foi muito educada e se preocupou com a barriga da minha filha. Ela disse que a barriga dela estava uma inchada e que era bom bater um raio-x (sic)”, conta.


Segundo a mãe, a médica percebeu que havia muito líquido na região da barrida de Adryny e que seria necessário interná-la no Hospital da Criança para iniciar uma medicação. E assim foi: Maracy acompanhou a filha por mais de 60 dias no hospital infantil até que uma ultrassonografia apontou alguns problemas na região da bacia da menina. “O médico fez uma ultrassonografia e depois pediu para repetir o exame de novo para saber o que ela tinha. Depois disso vários médicos vinham visitar a minha filha todo dia. Era de cinco seis médicos. Isso me deixou preocupada demais. Eu fiquei bem preocupada (sic)”, afirma ela.


“Um dia eu perguntei: ‘doutor, o que minha filha tem mesmo? Estou preocupada com ela’. Foi quando ele me chamou no consultório e me disse: ‘mãe, sua filha está muito doente. A senhora nem imagina o quanto ela está doente. A sua filha está com câncer!’. Foi nesse momento que eu entrei em desespero, mas eu tinha que ficar bem para não preocupar a minha filha. Ela não sabia de nada, só eu e os médicos. Depois disso eu conheci a médica dela, a doutora Valéria, uma enviada de Deus. Quando a gente conversou, ela perguntou se eu acreditava em Deus, e eu disse que sim, então ela disse para eu não me preocupar que tudo daria certo, porque ela ia fazer de tudo para ajudar a minha filha. Ela foi uma ‘mãezona’ para a Adryny, uma enviada de Deus (sic)”, comenta a mãe da adolescente.


ca_04Mesmo com considerável diferença de faixa-etária, Adryny teve o mesmo problema com que a aposentada Maria Toscano, de 65 anos, sofreu durante um ano. Mas não foi da mesma forma que essa simpática senhora, de baixa estatura e muita fé, descobriu a doença que faria dela, nos próximos 12 meses, uma verdadeira vencedora do câncer.


Em busca de Maria, a reportagem foi a Rua da Esperança, no bairro Caladinho, parte alta de Rio Branco (AC). E o nome da via não é em vão. Nessa rua vive uma família de fé, garra e “muito, muito amor”. Quando nos recebeu, logo na entrada da casa, a alegria da aposentada era evidente: brilho nos olhos e sorriso no rosto. De braços abertos ela disse “pode entrar! A casa é simples, mas aqui mora o verdadeiro amor (sic)”, argumentou a idosa.

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Iniciada a entrevista, a primeira pergunta feita se referia ao momento em que Maria descobriu o câncer. Ela fez questão de frisar o passo a passo daquele que ela chama como “dia de desespero”. Segundo a mulher, ao fazer um exame preventivo, foi detectado que seria necessária a realização de uma cirurgia de Perini “e o médico pediu uma mamografia, porque como eu já tinha mais de 50 anos, era preciso uma mamografia. Eu fiz e foi ai que a médica percebeu que eu tinha problema de nódulos. Isso é como areia, como neve, se espalha muito rápido e quando a gente percebe, já é tarde”, conta.


ca_02Segundo a mulher, “os médicos do Centro de Oncologia me disseram que eu tinha que retirar o seio, mas eu aqui não tinha médicos para fazer a anestesia e aí eu peguei o encaminhamento para o TFD. Quando foi no dia 16 de fevereiro, eu recebi a passagem, e no dia 17 mesmo eu já viajei para Goiânia [capital do estado de Goiás] com a minha filha. Ela que me acompanhou em tudo, sempre”, comenta a aposentada. Maria disse também que durante um exame os médicos perceberam que ela tinha uma alteração grave no colo do útero. “Eu fui de novo no médico e ela me disse que eu tinha a mesma alteração de câncer no meu útero (sic)”, completa.


Ao chegar em Goiânia, Maria relata que os médicos queriam tirar o seio dela. Sem ver outra condição, a orientação foi aceita e ela assinou o termo de autorização, juntamente com a filha. “Se eu já tinha minha vida, para que eu ia querer mais? Deus já tinha me dado a oportunidade de viver, eu tinha minha família. Eles queriam reconstituir meu seio, mas eu não quis, eu não aceitei, não era mais necessário”, afirma Toscano. Depois disso, Maria precisou esperar “mais quatro meses” até que o governo do Acre teria autorizado o procedimento naquele estado. “Você passa meses lá, de cara para cima, e as coisas se alastrando na sua vida e não é liberado pelo governo. Como um dia o médico me chamou e disse para mim assim: ‘a senhora já não está operada, dona Maria, porque o seu governador ainda não liberou’. É difícil, meu filho, é muito difícil (sic)”, alega a aposentada que conseguiu vencer o câncer.


ca_06Maria Toscano comentou ao ac24horas que sempre teve o sonho de incentivar outras pessoas a acreditarem que podem vencer o câncer. “Ainda tem gente que duvida, sabia? Aqueles que não acreditam que o amor pode trazer a cura. Esses é que devem aprender com o amor. Se falam isso é porque não sabem o que é mesmo o amor, porque eles nunca amaram, por isso falam que o amor não cura (sic)”, argumenta ao dizer que foi o amor pelos filhos e à família que a fez continuar lutando contra a doença. “O amor que eu tinha pelos meus filhos e pela minha mãe, de 91 anos, foi o que me fez ficar curada. Para vencer essa jornada, é preciso muita fé, e muito amor”, acredita Maria.


CA_03Ao perguntar se pode deixar uma mensagem a quem passa por problemas com o câncer, Maria Toscano diz que “sem o amor não se vence” e que “é preciso, sempre, ter muito amor pela família, amor ao próximo e principalmente, ter amor por si mesma, porque sem o amor, não há chances de voltar dessa doença”, e afirma que “de qualquer forma é necessário acreditar que você pode sair dessa, que você conseguirá, que você vai voltar e comemorar com os seus a sua cura, a sua vitória, a sua conquista”, finaliza.


ATENDIMENTO PÚBLICO


As entrevistadas nesta reportagem especial, Adryny Trindade e Maria Toscano, fizeram acompanhamento pós-tratamento na Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia do Acre (Unacon), o Hospital do Câncer, que fica situado no complexo do Hospital das Clínicas, na Via Verde, em Rio Branco (AC). Elas foram acompanhadas por especialistas da área e hoje são listadas como uma das pacientes que se curaram.


Em conversa com a direção do Hospital, a reportagem foi surpreendida ao saber que Maria Toscanoi foi a paciente número um do centro público de saúde. Ela é bastate conhecida no local e taxa da como exemplo de fé e determinação. Adryny também é uma das pacientes mais conhecidas do Unacon. Na unidade, ela é chamada como “guerreira”.


A reportagem ouviu a diretora-geral da unidade, Mirza Félix, e o diretor administrativo, Fernando de Abreu. Ambos assumiram o posto no início do mês e mesmo com pouco tempo de atividade, já programam projetos que devem “revolucionar” a realidade de atendimentos do Hospital do Câncer do estado. Construção de novos espaços, ampliação da emergência, e manutenção de estoques de medicamentos são algumas das tarefas a serem executadas pelos novos chefes do Unacom.


O ac24horas teve acesso, com exclusividade, a documento emitido pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, que autoriza a unidade acreana a realizar ampliação e implantação de novo serviço de tratamento por radioterapia, um dos mais utilizados pelos portadores do câncer. No Acre, apenas um aparelho está disponível atualmente. Quando quebra, é necessário que os pacientes em tratamento sejam transferidos com urgência para outras cidades onde hajam vagas e aparelhos com espaço de agenda.


ca_09Maria Gomes, usuária da Unacon, confirma que quando o aparelho quebra os pacientes são encaminhados para a unidade mais próxima. “Quando esse aparelho de radioterapia quebra, a gente precisa ir para outro estado, porque o tratamento não pode parar de jeito nenhum”, conta a servidora pública.


A diretora-geral da unidade disse à reportagem que “esse ainda é o momento de a gente levantar tudo e ver o que precisa realmente ser feito. Nós temos muitos projetos, muitas ideias e vamos trabalhar para transformar o Unacon em um Centro de Oncologia, o que nos dará mais autonomia e mais recursos. Vamos puder receber pessoas de outros estados e isso melhorará nossos serviços, certamente”, comentou Mirza.


Ainda segundo a chefa do Unacon, com a inauguração do Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into/AC), um setor de enfermarias da Fundação Hospitalar ficará livre, o que deve facilitar ainda mais a ampliação dos leitos do HC. “Assim que o Into for inaugurado, alguns leitos aqui da Fundação vão ficar livre, e a gente já se antecipou e solicitou esses espaços. Isso vai viabilizar ampliação de nossos atendimentos internos”, completa a gestora.


Além disso, a administradora destacou novos projetos como atendimento psicológico e orientação aos pacientes, o que deve reduzir o número de problemas emocionais. Mirza também pretende criar um departamento para prover ainda mais a humanização do sistema hospitalar, fazendo com que servidores passem ainda mais segurança aos usuários do sistema.


Dados do Hospital do Câncer apontam cerca de 6 mil pessoas são atendidas pelo centro de saúde, atualmente. Deste, muitos já estão curados e apenas retornam para fazer o acompanhamento médico, necessário por algum tempo, após todo o tratamento ter sido feito.


Entre os profissionais que atendem na Unacon estão cirurgiões oncológicos, mastologistas, cirurgião plástico, além de equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogo e assistente social. De acordo com o departamento de Assistência Social do Hospital do Câncer, pacientes que estão Fora de Possibilidade Terapêutica (FTP), – que já fizeram todo tipo de tratamento- são acompanhados em casa, por especialistas da unidade.


De acordo com a Sesacre, a equipe é composta por uma médica, uma nutricionista, uma fisioterapeuta, uma psicóloga, dois enfermeiros, duas assistentes sociais e um motorista.


 


 


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