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Senado: a eleição que ainda não terminou no Acre

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As urnas deram a sua resposta de quem o povo do Acre queria como seus representantes em setembro e outubro. A diplomação dos eleitos aconteceu nesta sexta, 19, no Teatro da UFAC, em clima de festa. Só os dois vencedores aos cargos majoritários, governador Tião Viana (PT) e o senador eleito Gladson Cameli (PP) tiveram direito a palavra na solenidade. Mas parece que o discurso do mais jovem senador da história não agradou os seus adversários da FPA. Mesmo se colocando à disposição do governador eleito para cumprir o seu papel de representante do Acre, o senador Jorge Viana (PT) entendeu o breve discurso de Gladson como “uma volta ao palanque eleitoral”. Na sua página do Facebook Jorge publicou uma crítica ao futuro colega do Senado. A postagem mostra que as coisas não serão tão “paz e amor” como pareciam nos próximos quatros anos.


Jorge antecipa o debate no Senado
Acompanhe os trechos das críticas de Jorge Viana publicadas na sua fan page:

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Confesso que refleti muito se deveria ou não me posicionar sobre o discurso do senador eleito e agora diplomado Gladson durante a festa. Mas penso que não tenho o direito de guardar só para mim a má impressão que tive da sua fala. Afinal, ele foi eleito com uma grande votação dada pelo nosso povo e será meu colega pelos próximos anos no Senado. Pretendo estabelecer com ele a melhor relação possível pelo interesse do Acre e do Brasil. Mas estranhei muito o tom, a forma e conteúdo de seu discurso. Logo ele, que durante parte da eleição até se esquivou de subir no palanque, responder alguns questionamentos e terminou fazendo uma campanha sem maiores confrontos e conflitos, resolveu subir no palanque hoje. Estranho, muito estranho. Ele falava em nome de todos os eleitos no parlamento, mas parece que não entendeu isso. Talvez não tenha entendido que estava na festa da diplomação, era o encontro das famílias dos eleitos, o coroamento da pluralidade partidária e da democracia. Falou em humildade, mas foi prepotente e arrogante. Quis apontar o futuro, desprezando o passado. Se a gente não valoriza o passado, não é capaz de mudar o presente, nem ser merecedor do futuro. Como alguém que está sendo diplomado faz um discurso de candidato, e no lugar errado? Ele recebia um diploma, que garante sua posse daqui a poucos dias, não é possível que o mandato já tenha subido à cabeça. Esses são os perigos das armadilhas que o poder exerce sobre as pessoas. Espero que o meu colega e senador Gladson reflita sobre o papel que ele desempenhou hoje.”


O que pode ter incomodado Jorge Viana
Tenho boas relações pessoais com Jorge Viana e com Gladson Cameli. Portanto, posso emitir minha opinião de colunista político com tranquilidade. Não vi no discurso de Cameli nada que denotasse arrogância. A projeção de uma volta ao palanque parece natural para um jovem político. Entendo que no jogo democrático da política todos os atores têm o direito a se expressarem livremente. Abaixo seguem alguns trechos do discurso de Gladson que podem ter incomodado o seu futuro “companheiro” de bancada no Senado.


 “A cada dia na política, percebo de perto o que o meu tio Orleir Cameli sofreu. Os ataques, as inverdades, as calúnias e as ofensas daqueles que usam o poder para criar trincheiras ao invés de construir pontes. Nesse diploma, outorgado pela democracia, está o poder do povo, uma soma de vozes que, em uníssono, representam um sentimento que não se pode calar…”


“O poder, meus amigos, é uma partilha e não uma propriedade…O Acre é grande. Imenso. Mas maior ainda é o seu futuro e a sua capacidade de realização.


O passado tem que ser referência e história. Não pode ser usado como prisão para os sonhos…Quero finalizar com uma frase que tenho ecoado em todos os cantos, de Assis Brasil a Marechal Thaumaturgo: comparar o Acre do passado com o Acre do presente é muito pouco. Começamos a fazer hoje o Acre do futuro.”


Perpétua Almeida reafirma que disputar o Senado foi a decisão correta
A deputada federal Perpétua Almeida (PC do B) utilizou o tempo da liderança do seu partido para se despedir da Câmara Federal. Perpétua foi parlamentar por três mandatos seguidos. Na sua página do Facebook, a comunista resumiu o seu pronunciamento na tribuna. Agradeceu à sua equipe, que segundo ela, nunca participou de nenhum esquema ilegal que gerasse qualquer escândalo em 12 anos como deputada. Em relação a disputa do Senado, Perpétua escreveu:


Se vocês me perguntarem hoje se foi melhor mesmo disputar o Senado, eu vou responder com um sorriso no rosto: foi a decisão certa. O mundo é dos que enfrentam desafios… rsrs. E aquela disputa (nas condições de desigualdades de estrutura financeira apresentada) foi um importante desafio para o meu crescimento e para o protagonismo do PCdoB, partido que há 25 anos me ensinou a lutar por um mundo melhor.”  


Comentários do colunista
Que a deputada federal Perpétua Almeida foi uma das parlamentares mais produtivas da história do Acre, não restam dúvidas. Não teve tema ou assunto que Perpétua não entrasse ou colocasse a sua assessoria para tentar resolver. A sua eficiência como deputada federal se refletiu em todas as excelentes votações que obteve na sua primeira eleição e, nas seguintes reeleições.


Uma coisa é uma coisa
Quanto a disputa do Senado concordo que Perpétua era a candidata natural da FPA. E tinha chances reais de vitória. Tanto que liderou as primeiras pesquisas de intenções de votos até com certa folga. A parlamentar tinha histórico e carisma para ser candidata majoritária. Isso não resta dúvida.


Outra coisa é outra coisa
No entanto, discordo completamente que Perpétua Almeida tenha sido derrotada por falta de estrutura financeira. Na minha avaliação, o principal motivo de perder a eleição foi a postura “agressiva” adotada por ela e o seu partido. Um erro primário, aliás, parecido com o da maioria dos candidatos majoritários da oposição nas suas seguidas derrotas para a FPA.


Cada um tem a sua hora
Uma outra questão importante é que o eleito Gladson Cameli viveu durante a campanha um momento político especial. Pela falta de boas opções da oposição para realizar a alternância de poder no Governo houve uma migração de votos de insatisfação para a candidatura do Senado. A prova disso foi a diferença de 83 mil votos favoráveis a Gladson. Na realidade, no geral, Gladson conseguiu 25 mil votos a mais do que o eleito ao Governo no segundo turno Tião Viana.


Quem sabe faz a hora não espera acontecer
Os posicionamentos do senador Jorge Viana e da deputada Perpétua Almeida mostram que o resultado ao Senado de 2014 ainda levará tempo para ser absorvido. A verdade, é que gostando ou não, Gladson tornou-se uma nova liderança de oposição. E com diferenças enormes para os “caciques” opositores que disputaram todos os mais recentes pleitos majoritários no Acre. Tem a vantagem de ser ainda muito jovem e, portanto, com um futuro político enorme pela frente. Tudo vai depender dos próximos quatro anos. Se Gladson conseguir realizar um mandato positivo chegará em 2018 fortalecido para ser um dos principais protagonistas da próxima eleição. E mais um detalhe: se a FPA manter a postura de “fogo cerrado” contra o jovem senador o resultado já será conhecido antecipadamente. Portanto, chegou a hora de todos os atores envolvidos no jogo político acreano avaliarem bem os seus passos. Para depois não se lamentarem e nem sofrerem com o inútil ranger de dentes dos derrotados.


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