A história de uma moça pobre que cortava seringa para sobreviver e que se torna presidente da República tem todos os ingredientes de enredo de uma novela mexicana. Quem já não assistiu algo assim? Morena, doente e sem grandes atributos físicos. A heroína começa comendo o “pão que o diabo amassou”, mas aos poucos vai superando as dificuldades e ascende socialmente contra todos os preconceitos e conquista o “mocinho” da história. Só que nesse caso, a heroína, chega ao cargo máximo do poder. Esperem para ver se a TV Globo ou mesmo Hollywood não irão produzir algo assim. Só que acontece que esse enredo vivido por Marina Silva (PSB) é muito mais real do que se poderia imaginar. Que ela teria uma votação expressiva caso tivesse conseguido legalizar a sua Rede de Sustentabilidade já era esperado. Mas que teria chances de vencer a eleição presidencial até mesmo no primeiro turno pareceria delírio se alguém falasse nisso há um ano. No entanto, o destino e a vontade de mudança do povo brasileiro transformou essa possibilidade em realidade. Portanto, amarrem o cinto que a Marina morena, pobre e doente chegou para ficar.
Massa de pão
Não vai adiantar o PT bater na Marina e tentar associá-la às elites. Parece que o “povão” se compadeceu da seringueira acreana e vê nela uma oportunidade de mudanças. Quanto mais atacarem Marina, mais forte ela ficará.
O fator Obama
Muitos já estão comparando uma possível eleição de Marina com a do presidente norte-americano Barack Obama. Quem imaginaria que um negro chegaria à presidência do país mais poderoso do planeta?
O quê o Acre ganha com Marina?
De cara o Estado entra no mapa político do país. Agora, se Marina vai privilegiar o Acre, caso chegue à presidência, não sei. Ela é muito ética e terá compromissos maiores. Se vai olhar de maneira especial para a sua terra é uma incógnita.
Povo revolucionário
Ninguém poderá mais falar que o brasileiro só vota nas elites. O metalúrgico Lula (PT) governou o país por oito anos e foi um sucesso. Agora, Marina é a estrela que poderá chegar ao topo. Acho que afinal os muitos anos de novelas da Globo acabaram tendo algum efeito positivo nas grandes massas brasileiras.
Ilusão
Encontrei dois candidatos a deputado estadual pelo PC do B peregrinando em busca de votos no Juruá. Eduardo Farias (PC do B) e Henrique Corinto (PC do B) têm sido constantes na região. Acho que ainda não sabem como a banda toca por aqueles lados.
Ajuda ou atrapalha?
O candidato à reeleição Tião Viana (PT) tem ao seu lado vários ex-prefeitos acreanos com problemas de ficha suja. Itamar de Sá (PT), Dêda (PROS), Neuzari Pinheiro (PT), Nilson Areal (PR) e, agora, Zila Bezerra (PTB), que acabou de ser condenada pelo TCU.
E o povo quer saber?
No entanto, qualquer um desse ex-prefeitos citados se concorressem a uma eleição nos municípios que administraram teriam chances de vitória. A sensação é que o povão não assimilou ainda a “ficha suja” tanto quanto o assistencialismo.
Quem te viu e quem te vê
Antigamente o PT queria distância de “figurinhas carimbadas” da política brasileira. Atualmente os senadores Collor de Melo (PTB), Sarney (PMDB) e o ex-governador paulista Paulo Maluf (PP) são aliados de primeira ordem.
O quê mudou?
Não dá para entender essa guinada em direção à direita do PT. Compreendo que a política é dinâmica e as necessidades de vitórias nas eleições são reais. Mas acho que houve um exagero do PT ao “renovar” as suas alianças.
Se revirando
Alguns petistas históricos devem se estrebuchar ao ver tanta incoerência. Por exemplo, o falecido Plínio de Arruda Sampaio, que terminou a vida no PSOL, mas que foi um dos fundadores do PT, uma das figuras mais éticas e sábias da política brasileira deve se revirar na tumba.
Incoerência
Fico a pensar na situação do ex-deputado federal Nilson Mourão (PT) que escreveu uma carta desancando a ex-companheira Marina Silva. Quer dizer que Marina é passível de críticas por ter abandonado o PT? Mas e os novos “aliados” do seu partido Mourão? Tem coisas que não dá mesmo para entender.
Sem o “novo”
O PT do Acre se renovou quando lançou Marcus Alexandre (PT) para prefeito de Rio Branco. Mas na atual eleição a gente vê os mesmos métodos da “velha política” serem utilizados. Candidaturas estruturadas no poder econômico.
Falando na real
Aliás, acho que o PT acreano, num certo aspecto, se renovou mais rápido do que a oposição. Acredito que se os oposicionistas tivessem encontrado um candidato “novo” sem os vícios de antigas eleições estariam a um passo do Palácio Rio Branco.
Ideologia, eu quero uma pra viver
Na realidade acabou essa história de direita e esquerda. O mais importante é a vitória nas eleições e a manutenção do poder. Quem seria um candidato verdadeiramente socialista nessas eleições do Acre? Não tem. Para não ser injusto talvez os candidatos do PSOL. Mas isso só o tempo dirá.
Ninguém governa sem o PMDB
Apesar de falar em renovação da política brasileira, caso vença, Marina terá que buscar a governabilidade do país. Nessa hipótese, podem escrever, o primeiro partido que deverá ser tornar “verdão” é o PMDB. Desde o final da Ditadura não teve nenhum governo que administrou o país sem o apoio do PMDB no Congresso Nacional. O PMDB continua a ser o maior partido brasileiro. E o fato de não ter participado de disputas diretas à presidência facilitam as manobras para um lado e outro. Tudo bem que tem o vice de Dilma (PT), Michel Temer (PMDB), mas o ex-deputado federal paulista foi indicado para a chapa majoritária com apenas 60% dos votos dos convencionais peemedebistas. Os outros 40% estão livres, leves e soltos e podem guinar o partido para qualquer direção.
As opiniões expressadas em Colunas e Blogs não refletem necessariamente a opinião do Jornal. Todo conteúdo é de inteira responsabilidade de seus autores. Para falar com Nelson Liano Jr. Use o e-mail : nelsonliano@hotmail.com
