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Músico acriano, ex-aliado do PT, diz que FPA esqueceu ideais e o que antes era um sonho hoje virou um pesadelo

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Salomão Matos
Da redação de ac24horas
salomao.matos@gmail.com


Polêmico, cantor, compositor, escritor e atualmente se intitulando comediante, Clenilson Batista, mais conhecido pela alcunha de “O dinossauro do Rock no Acre”, concedeu entrevista ao ac24horas, sobre a sua hoje “posição política”, tendo em vista que sempre militou na Frente Popular do Acre e agora é parte da equipe de marqueking do PMDB, (tradicionalmente um partido de direita), alegando ter abandonado suas raízes ideológicas de esquerda por acreditar que antes a FPA era um sonho e hoje não passa de um pesadelo.

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ac24horas – Clenilson, além do meio artístico, você sempre foi reconhecido pelo seu posicionamento político e militante da Frente Popular no Acre. O que mudou?
Clenilson Batista – Verdade. Eu  iniciei na ala hoje mau falada esquerda.  Quando a Frente Popular do Acre foi criada, ela saiu de dentro dos movimentos populares, digo dos sindicatos, das associações. Então tinha as pessoas que encabeçavam esse movimento, mas o sentimento era de mudança para melhorar a vida da sociedade. Todo mundo acreditava naquilo e é por isso que se transformou numa grande frente que veio a ganhar o governo. Não só eu como também muita gente boa estava dentro desse processo… tudo em nome da democracia.


ac24horas – Mas o que fez você mudar de opinião e deixar a FPA e, claro, o governo e o Partido dos Trabalhadores?
Clenilson Batista – Logo quando a FPA assumiu o governo as coisas começaram a mudar. Aqueles discursos de antes mudaram, então tudo passou a girar nas mãos de uma meia dúzia de pessoas e o movimento (cultural) é lógico já dava sinal de que breve iria se acabar.


ac24horas – Como você valia a FPA de antes e a de agora?
Clenilson Batista – Antes nos éramos uns sonhadores… sonhavamos… hoje nós temos pesadelos. O poder subiu a cabeça dos meninos do PT [os irmãos Jorge e Tião Viana] e traduzindo sem meias palavras, houve uma traição no movimento. Essa meia dúzia de pessoas encabeçaram o movimento e conseguiram se apoderar dele, daí a coisa foi se descaracterizando e virou uma espécie de oligarquia.  Então, aquilo que parecia um sonho, os ideais de antes foram abandonados por essa meia dúzia de “intelectuais”. Se você observar bem , há uma fedentina desgraçada de gente se dizendo intelectual,  saqueando os cofres públicos na cara dura e eu penso que a situação deveria ser ao menos um pouco menos fedorenta que da forma como a que está ai.


ac24horas – Você agora é parte da equipe de criação de propaganda política do PMDB, um partido que tradicionalmente sempre foi de direita.  É uma mudança e tanto não?
Clenilson Batista – Eu tenho que colocar leite na mesa dos meus filhos (rindo)…. mas eu acredito sim no Fernando Melo. Ele é um acreano nascido aqui na terrinha, muito embora de muro baixo,  tem um passado limpo e até aqui não conheço nada que desabone ele como um bom político ou administrador. O Fernando… não é pelo fato de estar trabalhando na equipe dele, mas eu acredito mesmo que ele é o menos pior dos candidatos que estão se apresentando ai para governar Rio Branco.


ac24horas – Então essa mudança da antiga esquerda para a direita é por questões finaceira, de necessidade ou uma forma de dizer basta?
Clenilson Batista – Na verdade essa mudança foi para tirar um peso da minha consciência. De certa forma eu ajudei a colocar essa turma que está ai no poder e o que for preciso eu farei para tirá-los de lá. E olha Salomão: uma coisa que eu tenho dentro de mim é o acreanismo. Eu gosto do Acre e da minha gente. Não posso então ficar sem fazer nada, vendo essa turma toda ai saqueando tudo, concorda comigo? Foi isso que me fez mudar. Agora eles vem querendo empurrar um paulista para governar a nossa cidade e eu não concordo com isso. Eles querem empurrar de goela abaixo as coisas como já vem fazendo a muito tempo.


ac24horas – Recentemente você compôs uma música com duplo sentido falando sobre as Leis e o respeito as instituições, com o título “Cidadão de Bem”. Como foi isso?
Clenilson Batista – Essa letra foi um pouco do sentimento de revolta mesmo. Talvez um momento de amadurecimento de vida. Eu já tenho 54 anos e chega um ponto na sua vida e começa a perceber que na verdade tudo não passa de um grande teatro. A verdade nao existe. Não existe governador, deputado, secretário de estado, prefeito, juiz, presidente da república. Se você perceber bem tudo é um teatro. Então meu amigo, o que se for da Lei, obedeça!


ac24horas – E esse duplo sentido? Que se for da Lei. Explique melhor por favor… (risos)


Clenilson Batista – Essas instituições que eu disse antes que são tudo fruto da nossa imaginação e da parte do teatro, é nada menos que essas pessoas querendo que a gente obedeça a tudo. Tudo que eles dizem deve ser seguido a risca. Então, eu escrevi o “Cidadão de Bem”, pedindo, clar, para que o que for da Lei, obedeça. Não há nenhuma maldade nisso, há? (risos).


ac24horas – Essa musica foi uma das vencedoras de um festival patrocinado pelo governo. Como diz o edital, ela fará parte do CD que também será patrocinado pelo estado?
Clenilson Batista –
Na verdade eu não sei nem como foi que deixaram essa letra passar e ser uma das vencedoras do festival. Digo porque a música “Cidadão de Bem” foi censurada nas rádios estatais e na própria Tv Aldeia. O Alexandre Nunes, que também é musico, e hoje dirige a Rádio Aldeia,  apesar dele ser meu amigo pessoal, ele me disse que simplesmente não pode tocar minha música. Isso para mim é muito claro: ditadura e censura pura meu amigo.


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Clenilson Batista
Cidadão de Bem


 


 


 


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