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ACRE – EDUCAÇÃO NOTA ZERO II


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Ray Melo,
da redação de ac24horas
raymelo.ac@gmail.com


Nem tudo é positivo na área de educação no Acre, como tentam passar as peças publicitárias produzidas pela equipe de Tião Viana [PT] ao mostrar os índices das administrações petistas, na rede pública de ensino. Em muitas escolas estaduais no interior, as aulas ainda não iniciaram por falta de professores e pela péssima qualidade das escolas das comunidades rurais, que em sua maioria estão sucateadas e não recebem investimentos da administração estadual.

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Enquanto Binho Marques (PT) foi considerado um técnico na área de educação, passando oito anos como secretário de educação no governo Jorge Viana (PT) e, mais quatro anos, como governador do Estado, sendo nomeado secretário de Articulação com os Sistemas de Ensino, catapultado pelo suposto trabalho na área de educação, após deixar o mandato, as crianças da zona rural de Cruzeiro do Sul, ainda esperam pelos projetos desenvolvidos pelo ex-governador.


Um exemplo flagrante do descaso com o ensino público é o que está acontecendo nas comunidades extrativistas do Rio Liberdade, onde as escolas não oferecem as mínimas condições aos alunos e os professores são em maioria contratos provisórios, que ainda não retornaram as funções. O fato é recorrente em toda extensão da reserva protegida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).


Os jovens estudantes que disponibilizam apenas do ensino fundamental, não tiveram o ano letivo iniciado. Em algumas escolas, as notas não foram lançadas pelos professores que abandonaram as escolas sem dar satisfação aos moradores. Na foz do Igarapé Grande, na comunidade Passo da Pátria, a escola estadual funciona em um depósito de farinha cedido por um pequeno produtor. O pequeno casebre de palha recebia até o início do ano, 23 crianças divididas em duas turmas.


Sem perspectivas de retorno das aulas, os moradores criticam a falta de atenção das autoridades estaduais com a questão do ensino público na reserva extrativista. Na comunidade Tristeza, a situação da escola estadual faz jus ao nome da localidade. A escola também funciona na propriedade de um pequeno produtor, que além de fornecer a estrutura para o Governo do Acre, ainda hospeda o professor enviado pela Secretaria de Educação.


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Crianças perdem o ano letivo por falta de vagas em escolas públicas


O produtor Rural, José Orceilson (o Coco), dono do casebre onde funciona a escola estadual da comunidade Tristeza, revelou as dificuldades de conseguir professores para lecionar na localidade, distante 6h de barco e, mais 1h de carro da cidade de Cruzeiro do Sul. Sem sanitário e local apropriado para preparar alimentação, o professor contratado pelo Governo do Acre é obrigado a ministrar aulas e produzir a merenda das crianças. [clique sobre a foto para ampliá-la]



Para o produtor, “o governo ainda não iniciou as aulas para economizar dois meses de salários que seriam pagos ao professor. É difícil ter um professor competente. Depois de quatro anos, tivemos uma professora que conseguiu implantar um projeto de ensino, no ano passado, mesmo assim, ela passou mais de um mês chorando todas as noites no quarto que ocupava em minha casa. Eu e minha esposa nos esforçamos para mantê-la na comunidade”, diz Coco.


Segundo informações dos chefes de comunidades, um professor provisório, com ensino médio, recebe aproximadamente R$ 660 para ministrar aulas nas comunidades do Rio Liberdade, no município de Cruzeiro do Sul. Em 2011, as aulas tiveram início, no mês  de maio. Em algumas escolas as marcas do encerramento do ano letivo ainda permanecem no quadro, com mensagens de boas férias escritas pelos professores.


Situação pior enfrenta os moradores da Foz do Igarapé Forquilha. A escola estadual que atendia a pequena comunidade desabou e a secretária estadual de Educação não reformou o local, obrigando aos pais de alunos deslocarem seus filhos à comunidade mais próxima para poderem ter acesso à rede de ensino estadual. No seringal Jurupari, a maioria das famílias resolveu abandonar as propriedades em busca de educação para os filhos.


A mesma situação de abandono do poder público vive as comunidades de Oito Praias; Bom Futuro; Porto Alegre; Esperança e Foz do Esperança. Sem escolas construídas pelo Governo do Acre, a população extrativista reclama que os gestores estaduais nunca fazem visitas para tomar conhecimento das necessidades das crianças que precisam ter acesso a rede de ensino estadual.


Na comunidade morro da Pedra, a escola estadual, construída pelos próprios moradores foi desativada, após apresentar problemas estruturais. Os pequenos produtores ainda tentaram negociar e apresentaram a proposta de fazerem a reforma e em contrapartida os gestores da educação estadual cedia o professor, mas não obtiveram respostas e foram obrigados e deslocarem as crianças em pequenas canoas, por mais de 1h de viagem até outra escola.


O OUTRO LADO – A reportagem tentou obter a versão dos gestores da Secretária Estadual de Educação, no município de Cruzeiro do Sul, sobre a situação precária das escolas públicas das comunidades do Rio Liberdade, mas as informações foram limitadas. De acordo com pessoas ligadas a área de educação, as aulas vão ter início ainda no mês de março. Sobre a falta de investimentos do Estado, na construção das escolas das comunidades extrativistas, os gestores preferiram não apresentar declarações.


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