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“Hoje o voto não é para prefeito. Não estamos aqui fazendo opções políticas. Quando a política entra pelo Tribunal, a Justiça pula pela janela”

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O advogado Sanderson Moura iniciou sua tese de defesa afirmando que a prisão de seus clientes “é uma vergonha para as instituições do Estado do Acre”. Ele utilizou metáfora e contra argumentou com textos bíblicos:  “Que a justiça de Deus seja coroada, que a lua cheia possa iluminar a consciência desse Tribunal e que possamos cantar como o profeta Isaias, é assim que eu peço a absolvição dos meus constituídos”, disse o advogado.


Sanderson disse que a televisão utiliza sofismas e mostra apenas o que interessa quando fala do caso Pinté. Verdade e mentira foram as palavras mais utilizadas em sua tese. E como já era esperado, ele centrou sua defesa pedindo o fim da boataria e a apresentação de provas técnicas para a condenação dos réus, entre elas, a interceptação telefônica que mostra a conversa entre o ex-prefeito Carlinhos do PSB e Carlos Granada [delator do processo].

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Sanderson também questiona porque o Ministério Público e a Policia Civil não investigaram as outras hipóteses do crime que apontam como suspeitos: o vereador Humbertino e o ex-prefeito Vilseu Ferreira e ainda, uma dívida que vinha sendo cobrada ao vereador Pinté, que chegou a passar mais de dois meses longe de Acrelândia.


– Quem seriam os cobradores de Pinté, onde ele comprou no comércio? Não se mata por dívidas? Acabou, existem técnicas investigativa é para isso, o direito penal não pode ser baseado mais em disse me disse! – exclamou Sanderson.


Ele citou durante várias vezes os depoimentos das testemunhas Socorro Lima, Regiane Maria e José Everaldo, classificando suas declarações como “politiqueiras”. Segundo Sanderson, Socorro Lima é candidata à prefeita em Acrelândia.


– Isso é uma barca furada, politiqueira, irresponsável. Sacrificaram inocentes, as 10 mil páginas do processo tem como base as contas da prefeitura. Não existe pressão para a prisão de meus clientes – disse o advogado.


 


“O Pinté agiu errado, assinou a sentença de morte no dia que resolveu estar do lado do povo”, diz a promotora Joana D’arc


Durante o julgamento do Caso Pinté, na manhã de hoje, no Fórum da Comarca de Acrelândia, município localizado a 100 km da capital, o Ministério Público utilizou as 2h30 para apresentação de sua tese de acusação aos réus: Carlinhos do PSB, Maria da Conceição, Jonas Prado e José Antônio [o Zezão].


As promotoras Maria Fátima e Joana D’arc utilizaram três vídeos com gravações das testemunhas: Carlinhos Granada [delator do processo] vereador Djalma Pessoa (PP) e o fazendeiro Eracides. Granada citou o nome de Jonas Prado como autor do consórcio articulado para a morte do ex-vereador Pinté.


O vereador Djalma além de reforçar a tese de que já havia disposição para a montagem de uma CPI antes da morte de Pinté, revelou mais uma tentativa de suborno feita pelo ex-chefe de gabinete do município, Jonas Prado, à vitima, a quem foi oferecido o valor de R$ 50 mil para ficar calado.


Já o fazendeiro Eracides, confirmou que a arma do crime, que supostamente pertence à Zezão, foi encontrada no galpão de sua fazenda. Ainda segundo a tese de acusação, o depoimento frio durante o interrogatório de Zezão, caracteriza o crime de pistolagem e aluguel julgado durante quatro dias. A promotora foi sincera ao afirmar que não pode provar se Zezão participou da cena do crime, mas assegurou que a arma utilizada é do réu.

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PROVAS DOCUMENTAIS


Entre as provas documentais apresentadas durante a acusação, além do laudo pericial foi apresentado em slides, a ata do dia 04 de abril, onde o presidente da Câmara, Fernando José da Costa, o Pinté, confirmava o recebimento de um abaixo assinado com mais de 300 assinaturas pedindo a instalação de uma CPI para investigar as contas do Fundeb.


“(…) em todos os momentos que participei das reuniões consegui ver a irresponsabilidade que o prefeito tem com a classe, eu acredito que está faltando respeito com os professores e munícipes de Acrelândia. Eu como não serei mais candidato estarei aqui nesta tribuna batendo naquilo que não está correto. Os pais irão trazer para esta casa um abaixo assinado. Estou mais uma vez decepcionado por que o prefeito não tem compromisso (…)” diz um dos trechos da Ata.


A promotora Joana D’arc revelou detalhes da agenda encontrada na mesa do ex-vereador Pinté e afirmou que as anotações sobre o orçamento do município, que foram rabiscadas nas páginas do documento foram fundamentais para a investigação. Ela relatou trechos de um telefonema dado pela delegada Juliane D’ Angelis, no dia 02 de maio, afirmando a permanência dentro da Câmara, de pessoas da prefeitura, ocultando provas. A promotora disse que vários documentos sumiram e que alguns foram resgatados apenas através de perícias feitas nos computadores.


– Os réus não falam detalhes sobre o crime. Isso não acontece em júris como esse. Mas esse crime deixa claros as características do crime de pistolagem e aluguel. Está comprovado o clima político criado após a greve onde Pinté passou a ser inimigo da família do prefeito – acrescentou Joana D’arc.


A INVESTIGAÇÃO PARALELA


Para o Ministério Público quem é inocente não contrata uma investigação paralela que teve como principal objetivo subornar os depoimentos de testemunhas. Joana D’arc, que é promotora da Vara de Execuções Penais, voltou a questionar a facilidade encontrada pelo delegado Carlos Bayma em retirar presos do Complexo Francisco de Oliveira Conde para depor contra Brandão, Vilseu Ferreira e Clovis Moretti [ex-aliados da família do prefeito]. Ela deixou clara a participação do pai do prefeito, Paulinho Araújo, na contratação do Delegado e do ex-policial civil Manoel Cirino.


– Se vocês acham que o que aconteceu em Acrelândia é normal, absolvam os réus, mas se acham que não é normal, façam justiça – apelou à promotora.


O Ministério Público encerrou sua tese pedindo aos jurados que não se intimidassem com olhar feio e que não se sensibilizassem com choros. “Chora-se muito no Júri”, acrescentou Joana D´arc. “Voltem àquele tempo em que existia greve dos professores”, concluiu.


Jairo Carioca – Do Tribunal de Júri, em Acrelândia


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