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Entidades vão à Assembléia Legislativa para defender manejo florestal no Antimary

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Após semanas concentrando o debate sobre a Reserva Estadual do Antimary apenas entre os parlamentares a Assembleia Legislativa abriu suas portas na manhã desta quinta, 20, para que representantes das madeireiras, famílias extrativistas, trabalhadores e estudantes do curso de engenharia florestal da Universidade Federal do Acre pudessem se manifestar sobre o tema. A surpresa é que diferente do que vinham defendendo os parlamentares de oposição a maioria das manifestações foi de apoio ao projeto.


Instituições como a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado Acre – Fetacre, Sindicato da Indústria Madeireira do Estado do Acre – Sindusmad, Central Única dos Trabalhadores – CUT, Comitê Chico Mendes e o Centro Acadêmico do curso de Engenharia Florestal da Ufac entregaram cartas de apoio ao projeto de manejo florestal desenvolvido dentro da Reserva. Os representantes ainda aproveitaram para repudiar a atitude do senador Sérgio Petecão (PMN) que foi à sede da ONU para denunciar supostas irregularidades na Reserva bem como a reportagem da revista Istoé que expôs essas denúncias.

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O líder do Governo, Moisés Diniz (PC do B) ressaltou a importância do manejo para o desenvolvimento do estado e também condenou a estratégia de “expor de forma negativa o Acre para o mundo”. Ele reconheceu que ainda existem problemas a serem resolvidos, mas disse que a oposição deveria discutir esses problemas dentro do Acre para garantir que as famílias que hoje vivem do extrativismo não sejam mais prejudicadas. “Pois o Acre não tem pedra nem rocha, o o Acre só tem floresta para dar emprego ao povo”.


A presidente da CUT, Rosana Nascimento, também se manifestou favorável ao manejo e a cautela na hora de fazer denúncias. “Quem é contra o manejo na floresta não pode ser acreano, pois, quem é filho dessa terra a defende. Temos uma política que hoje considera o homem e a floresta e claro temos críticas a política do estado porque toda política é imperfeita, temos críticas ao manejo pq algumas empresas não fazem o manejo como deveria ser, mas cabe aos deputadose e ao Poder Público fiscalizar. Denúncias a gente deve fazer com informações e dados científicos para não causar danos a quem precisa da floresta para sobreviver”.


Filha do líder seringueiro Chico Mendes, Angela Mendes, disse que não falarei em nome do pai por não ter como saber qual seria sua posição quanto os projetos de manejo florestal mais de 20 anos após ter morrido, mas declarou ser inegável que projetos como o Antimary mudaram a vida dos povos da floresta. “Quero dizer para a populaçãoo tomar cuidado, pois, estão usando o povo contra o povo para destruir tudo que foi feito. Estão prejudicando varias comunidades que conseguiram mudar de vida através do manejo”.


Evandro Araujo da Coopefloresta uma das cooperativas de trabalhadores da floresta pioneiras no estado foi outro que defendeu o manejo florestal do Antimary. “Sou acreano e nasci na área da floresta Chico Mendes e para estudar tive que sair da área porque não tinha escola além da quarta série para as crianças. Hoje graças ao manejo tem ramais e energia a gente chega e vê que a realidade mudou. Defendemos uma realidade alternativa se quiser fazer um estudo a fundo vão ver que o êxodo rural diminuiu muito”.


Principal crítico do manejo florestal na Reserva do Antimary dentro do Parlamento Estadual, o deputado Major Rocha (PSDB) quis esclarecer que a oposição não é contra o manejo florestal. Para ele o problema está na forma como os lucros sobre a madeira extraída são divididos. O parlamentar acredita que as famílias do Antimary estão sendo lesadas nessa relação em benefício das empresas madeireiras com o apoio do Estado. “Enquanto o produtor recebe R$ 40,00 pela madeira que vende e ainda parcelado em 12 vezes, eles aproveitam até a lenha que é vendida por R$ 45,00 o metro, juntamente com o pó de serra que é vendido pelo mesmo valor. Eu desafio qualquer um que quiser discutir preço de madeira comigo, é um verdadeiro monopólio madeireiro apoiado pelo governo do Estado. Não sou contra o manejo floresta, sou contra a roubalheira que fazem através da nossa madeira”.


A conclusão do evento foi feita por Moisés Diniz que conclamou os presentes com opiniões favoráveis ou não a organizar um seminário para debater mais a fundo o Antimary e os projetos de manejo no estado, além de outros temas relacionados. Diniz disse ainda esperar o apoio dos envolvidos para providenciar a vinda até mesmo de especialistas de fora do estado para palestrar sobre o tema.


“Toda a produção anual do Antimary representa 2% de toda a produção madeireira certificada do Acre que é de cerca de 500 milhóes de reais. São gerados sete mil empregos diretos no Acre e temos uma arrecadação de ICMS de 50 milhões. Dada a dimensão desse projeto não podemos nos manter no debate pequeno, vamos fazer um seminário envolvendo a sociedade e especialistas para que não restem dúvidas de qual caminho temos que seguir para o nosso desenvolvimento”.


Texto: Yuri Marcel com informações de João Maurício, Mircléia Matos e Marcela Barrozo, da Agência Aleac


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